quarta-feira, 28 de junho de 2006

PELOS CAMINHOS DE MINAS... Para o que não conhece MINAS, cuidado ao se aventurar, MINAS tem muitos caminhos, nenhum deles vai dar no mar. MINAS é algo dentro, cercada como seus pastos e currais fechada como os seus garimpos profunda e escura como suas cisternas. MINAS é mais que um contorno no mapa. É menos que um punhado de serras. Mas não se engane o forasteiro, que esta matemática, só o mineiro sabe e pode conjugar. MINAS é mais. MINAS é menos. MINAS não e igual. E em um dos seus descaminhos, digo em tom de segrêdo MINAS é um câncer, a se multiplicar no peito de seus filhos.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Na calçada. É tão grande a distância que separa de mim, este homem miserável caído na calçada, que dorme, boca entreaberta, no canto escorre uma baba nojenta, que desce pela barba esbranquiçada, que, a anos, não conhece os cuidados de um barbeiro. É tão grande, e ao mesmo tempo tão pequena, a distância que separa a sua vida da minha que, olhando-o assim caído, chego a pensar que este homem sou eu. Que é minha a sua vida desmantelada, o seu cheiro azedo, que mistura urina e suor, descaso, abandono e falta de dó. Que são meus os seus sonhos desfeitos, a sua desesperança exposta e quem sabe, a sua decepção de amor. É tão grande, e tão pequena, essa distância imensa, que me separa dele e me protege de mim mesmo: do meu ímpeto suicida, de minha vontade intensa, desejo de abandonar tudo e me deixar ficar por aí, pelas ruas, pelas calçadas, com uma barba suja e mal cuidada, coração decepcionado, falta de vontade e o projeto de não ser senão um homem velho, pobre, abandonado e sujo, que dorme em uma calçada qualquer. É tão grande e tão pequena essa distância que me separa do homem deitado na calçada, que em seu sono, ele sonha - quem sabe - que um certo homem em vigília, parado e perplexo, se deteve e lhe olha na rua, querendo saber quem é. Pensando que é ele - o homem - quem dorme, no sem sentido de sua vida que lhe reserva, nessa noite, casa, conforto, lençóis limpos, um banho quente, toalhas e uma xícara de chá.
FLAGRANTE Para aquela lágrima escondida no canto do seu olho. Sólido. Concreto. Estático. Fotograficamente, te descubro, te retrato. Pedaço de sufoco, te flagrei! Sua imagem a pregarei em todos os postes e assim desmascarado, peste, a ninguém mais surpreenderás. Denunciado estás. Jurado de morte. Pedaço de sufoco, te flagrei!

segunda-feira, 26 de junho de 2006

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ADOLESCENTE Eu não escondo os meus pecados Desenho de um Crumb Gravuras eróticas de um Picasso Deles rio ou choro. E rindochorando revelo-os: Tropicais araras estridentes; loucos e desdenhosos desejos que na esquina surgindo; atropelam e assustam o distraído transeunte.

domingo, 25 de junho de 2006

BOIADA (A meu pai) A boiada invade a praça. Agitam-se gentes e janelas Marciais marcham sem graça a lagoa vão beber. São muitas cabeças tangidas floresta de chifres sem ritmo dolentemente á agua se inclinam: línguas sôfregas sovem num estranho ressonar. E ali se demoram no barro encravados como se quisessem ficar toda a tarde a beber, como se da agua esperassem que elas os pudessem reter. Mas o destino selado Sorve os condenados. La fora no alto É certo os esperam: Homens, Cavalos e ferros. Um estreito Curral. O trem da Central Um apito sinal Uma viagem final.

Balzac

"Elegancia es la ciencia de no hacer nada igual que los demás, pareciendo que se hace todo de la misma manera que ellos." "Un efecto esencial de la elegancia es ocultar sus medios"
A demissão do poeta. O poeta não é mais necessário. O poeta foi demitido. Cortes da reestruturação produtiva. O poeta é improdutivo. Não há mais vagas para poeta. Não há vagas no neoliberalismo. Não ha vagas no neocapitalismo. Não há vagas no neosocialismo. Não há vagas para o poeta no sistema. Em nenhum sistema . Em nenhum lugar do mundo. O poeta é improdutivo. O poeta foi demitido. O poeta não serve pra nada. Joguem o poeta no lixo. Joguem o lixo no poeta. Derramem no esgoto a sua poesia inutil. Dissolvam com ácidos todas as rimas possíveis. Sem poetas, rimas não servem para nada. Queimem todos os livros de poesia e abram uma garrafa de vinho. Um brinde à demisão do poeta! Brindemos à demissão do poeta. Brindemos cumplices ao fim da poesia. Poetas, rimas e livro de poesia não servem para nada. Brindemos ao poeta no lixo. Brindemos ao lixo da poesia.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Esforço I

Que a vida fosse só de mel de rapadura,

cama fofa e macieza.

Só descidas, sempre sombras no sol quente

agua fresca da bica,

batendo na testa da gente.

Rede armada na varanda,

pirão molinho, pra mode não forçar os dentes.

Somente risos e alegrias

numa festa do coração sempre contente.

Eu e ela. Ela e eu. Se nós num quizesse mais gente...

E se fosse desse jeito

e se assim desse modo fosse

eu ia logo pedir pró condutor:

_Moço, para esse mundo que eu quero descê !

Só pra mode, atraz dele corrê

e sonhá que um dia eu lhe vou alcançá ....

INDAGAÇÃO Serei poeta? Serei poeta com tão poucas palavras? Serei poeta com versos tão esparsos? Serei poeta com tão tímida poesia? Mas se não o fosse, o que mais seria? Profeta de um apocalipse urgente? Ator de uma cena censurada? Acrobata dos trapézios indizíveis? Um caminhante para o nada...? Ademais, com que metro se mede a poesia? De quantos paus-poemas se faz a canoa para a travessia? Sim, talvez poeta. Talvez um poeta minguado, de um tempo minguante, De minguadas emoções... Talvez nem isso, mergulhado na descrença, e já cansado das canções, somente um homem que procura. (Que a procura, neste tempo, justifica tantas coisas...) E quem sabe, num soluço final, nem mesmo este consolo... Um homem apenas ! Um homem de nada, de um nada profundo, portentoso e repleto de um inédito temor, gigantesca interrogação!

terça-feira, 20 de junho de 2006

TEIMOSIA Só o silêncio é absolutamente sincero e teimo em dizer-te que te amo Obstinadamente, teimo em dizer-te. Quando os teus ouvidos já não me podem ouvir. Quando a palavra já não tem mais poder. Quando o perdido me assombra em ecos profundos: a minha boca não cede e murmura. Quando dos corpos já esfriou o calor. Quando da tua boca flagela-me o teu não. Quando do encontro apenas a lembrança persiste. A minha boca desafia a razão e sussura. Contra mim e contra ti, contra o meu sim e o teu não, Contra a lógica implacável que em dor tão cruel separação presidiu; a minha boca rebela-se, e afoga-me em mentira. Meu amor eu te amo mil vezes eu te amo, insensatamente te digo: eu sigo te amando !

domingo, 18 de junho de 2006

requien por uma amizade em perigo !

Eu sou assim mesmo: dessimétrico! Entre a intenção e o gesto,uma avenida larga de vida me leva... E olhando para trás encabulado, te aceno, com esta tibieza que me faz flácido e que, no descuido, desaponta aos amigos. Eu não tenho desculpas, justificativas ou coisas que tais... Motivos eu até tenho. Não para fazer o que eu, não fazendo, faço! Mas para mil vezes, fazer o que não fiz. E então eu lhe pergunto: o que me resta fazer agora, se não o fiz quando o quis? A Inês já é morta? Estarei definitivamente condenado por este meu jeito danado que nem eu mesmo escolhi? Se sobrevivem-me amigos devo-lhes sempre a sua imerecida generosidade, dos cuidados que eu não tive, contas que jamais poderei pagar. Se o prego do teu coração-botequimainda tiver um espaço, um espaçozinho assim, mesmo que seja que seja bem pequeninim, apesar de tanta conta,que eu sei - e que você também sabe - que eu nunca hei de pagar: mais uma vez eu tropeço, mais uma vez eu te peço: arranje mais um lugarzinho para mim. Pendure mais essa! Por favor finja de novo que acredita que um dia eu vou tomar jeitoque eu viro gente direita que nunca mais vou te decepcionar... Não deixe morrer, não deixe matar. Insista, persista, sou devedor confesso: você nada tem a ganhar. Coloco-me em suas mãos:não me expulse do seu coração !Não deixa esta minha estranha amizade, cair no chão...! E suplicante te peço: bota mais uma pra mim, bote mais uma. Por favor, amiga, mais umazinha só!
MENINAS... Para Angela, Bela e Mirian São todas mulheres. Contam seus casos. Riem e brincam como meninas; Mas são todas mulheres. E seduzem e cativam. E convidam ao seu jogo predileto, brincar de transparência, sugerir revelação. E no faz de conta da ausência de segredos mulheres -moluscos guardam no útero fantasmas e medos. Medos de beira de rio. Fantasmas do tempo de avós. Meninas, são mulheres fortes. Altivas, extraem a sua força dos seus homens. Dos seus homens de ontem e de hoje. Dos homens com quem sonham e brincam, fazendo deles meninos, Maternais e incestuosas. Mulheres são meninas frágeis. Tem medo de escuro e das almas dos que já morreram. lhes assusta a solidão e a voragem do rio cheio, que lhes parece um castigo por suas tantas brincadeiras.. E driblam narciso que por natureza, em sua igualdade as fez rivais E seguem, como as águas do rio unidas em seu curso, Solidárias e cúmplices, de alegrias e dores, na corredeira dos casos que meninas-mulheres vão contando e brincando, displicentes em festa nas suas noites fartas, ao redor da mesa.
Fica assim não, menina... Pode entrar menina, pode entrar e fica assim não... Fica assim não, que não vale a pena. A vida é pequena, passa tão ligeira, e a boniteza dela, não tá no grosso da sua apresentação. Nos entremeios, que são poucos, e no fundo-fundo de tudo-tudo, é que mora, escondidinho, o gosto forte do porque viver. Mas as vezes é assim mesmo... Depende do jeito de se acordar. Se no sono, a alma se despregou do corpo e no sonho voou pra muito longe, andou por lugares muito bonitos, e fez tudo que tinha vontade de fazer, quando é de manhã, por certo, pró corpo ela não há de querer voltar... Então, a gente tem que encarnar ela de novo. Mandar ela com força, voltar pró cerne, do cerne, que é o dentro da gente, a partir de onde, a gente sabe mandar. Fica assim não menina, que não vale a pena. Pois não é a alma que é pequena. Mal criada e rebelde, isso, as vezes, ela é. As vezes. Pró nosso bem, ela é. Más, pequeno, pequeno mesmo, é assim, quase sempre, este mundo em que se faz nossa sina viver. Labutar todo dia, fazê lição e aprendê... Mundo estreito, mundo raso Mundo duído, mundo doidio. De pouca consideração. Por isso não há que se estranhar de que, as vezes, a alma não queira ficar. A alma ? A alma, só fica querendo voar, viver no que é bem bom, que é bom demais. Espairecer e espraiar. Que é disso que alma sabe, que é de disso, que a alma entende. Que é disso que a alma gosta, a alma, menina, a alma só quer sonhar!

domingo, 11 de junho de 2006

?Adonde está golondrina? Adonde está golondrina Adonde fue su vuelo levar Que haces muy triste mi invernó Y tengo ganas de llorar. Yo te quiero mucho mi pajarito lindo. A mi, me gusta verlo volar. Si vuela en otras tierras Vuelve y me vengas narrar.

terça-feira, 6 de junho de 2006

SITUAÇÃO DELICADA As mulheres que se me oferecem quando o meu coração não as pediu, invadem o meu ser e me enchem de medo de não saber recusá-las, sem dardejar suas vaidades. Que as mulheres, são flores em sua grande variedade, e mesmo quando são rústicas são ao meu tato, delicadas.
E dá-me a vontade de ali não estar de ser uma outra pessoa que não eu, a lhes dizer este “não” verdade . As mulheres que se me oferecem quando o meu coração não as pediu deixam-me atônito e aflito, inseguro de minha capacidade de recusá-las sem magoar seu coração E transmitir-lhes, com ternura, todo o respeito e a afeição que sei por elas sentir.
E confesso que se assim acontece não é por mérito de coração bondoso ou qualidades que eu sei não ter. É que a mulher magoada tem força que me assusta, e não se guia pela razão. A sua alma sensível por outras bússolas se orienta que ao meu ser masculino desnorteia o entendimento. Transmutam o amor em ódio o carinho em agressão. Das mulheres que se me oferecem quando o meu coração não as pediu, Deus me livre da sua paixão.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

démocles Uma espada pende sobre minha cabeça Presa tão somente por um fino fio de teu cabelo Que o fio seja forte não tenho certeza, Não que em ti, não resida confiança, Mas cabelo é cabelo, ensina a natureza. Quando a duvida te assaltar de novo Ponha cadeados nas portas, trancas nas janelas Quando o vento é muito forte, recomenda o marujo, melhor é recolher a vela. Não te exponhas a tão fortes tempestades Não submetas a provas tão graves O casco frágil de forte embarcação. Conselhos, o mundo te oferece, de sobras. Outra coisa, é se os considera, ou não. Que seja removida esta espada, que tanto risco me causa. E que sossego e descanso possa ter em ti, esse fio do teu cabelo. Suster assim com tanto risco, desgraça que pende sobre quem tanto te ama Mesmo em caso que ele muito mereça Faz doer em ti também, e não apenas num fio, Mas em todos os fios de sua cabeça.

domingo, 4 de junho de 2006

No te olvidaré Guadalajara. En una noche baile contigo, muchacha Tuvo tu cuerpo bien cerca del mío Y lo apreté. Y pude sentir el ritmo de la canción en su respiración, Y en un corazón disparado. Mas todo eso se paso muy rápido. Y ya, en el momento siguiente, Tu estuviera em mis braços Y ya no se encuentras más. Y todo lo que mi restaba era apenas un bueno recuerdo un dulce olor de rosas Que yo no puedo olvidar. Una voz rara y una sonrisa enigmática. La fuera del hogar, en la calle, un perro volvia la basura, en noche con luna dispersa y pocas estrellas. Un hombre borracho caminaba tortuoso con esperanzas inútiles de legar con brevedad Al encuentro del conforto, en su casa.
Y una bella mujer con voz muy rara cantaba lejos una canción:
Yo no puedo olvidarte, Guadalajara.