terça-feira, 30 de novembro de 2010

Invasão de Adelia



eu te peço licença
por invadir sua caixa postal
com poemas da Adelia Prado,
aquela poetisa mineira
tão dona de casa e tão mineira,
que descobri que você
tão dona de casa e tão mineira
ainda não conhecia.
nem era essa a minha intenção.
mas li um, e achei que você ia gostar.
li outro, e pensei que você ia gostar mais ainda.
e foi assim, de um em um,
pensando em despertar seu gosto
que eles foram se enfileirando
vários, como um exercito de palavras,
cobiçosas de te provocar.
pensando que, se você gostasse
da poesia da Adelia Prado,
se a apreciasse, tanto quanto eu a aprecio,
então era de mim que você gostaria.
mas, o que tenho eu a ver com a poesia da Adelia Prado?
de onde me vem essa idéia  maluca
de que se você gostasse da poesia da Adelia Prado
também haveria de gostar  de mim?

quando cheguei a essa parte
em que o pensamento refletido
faz perguntas sobre as coisas mais surdas,
que se passam dentro da gente,
ainda bem, a invasão já havia se consumado.
as mãos ligeiras, que nos cliques do teclado,
de site em site, encontraram e separaram
para ti, os tesouros da lavra da Dona Doida
sabem, aparentemente, mais de mim
do que eu proprio.
deixo-te então com a sua caixa postal
invadida pela poesia da Adelia Prado
e com todas as interrogações que só ela
é capaz de provocar.
deixo-te o intenso dessa palavra  feminina
mãe, mulher, dona de casa, santa e puta
em sua condição mais nua 
palavra poesia que edifica no cotidiano
e transforma o mais simples e mais frugal
em um espectáculo de pura magia.

domingo, 28 de novembro de 2010

Momento kid abelha


eu não sei por que insisto, girl
em pedir  teu telefone na balada
se eu nunca vou te ligar. 
E você quando me dá
tambem já sabe que não vai rolar
você até tem esperança,
sacou que sou um cara legal
mas não acredita nela
você não acredita não, girl.
te confesso, que até me lembro 
da cor dos teus olhos, do sorriso gentil
e da boca gostosa para beijar
mas pego o telefone e hesito, mil ideias,
 mas começar uma conversa  não é nada fácil não
quando ja sei que não vou te dar meu coração.
ai não te ligo não, eu evito,
não quero ter que ser simpático
queria que tudo fluisse no automático
como uma varinha de condão.
estou só, mas não vou te ligar girl
não te quero de remédio para minha solidão.
quem sabe se o tempo passa
e um dia desses acordo inspirado
me lembrando dos teus olhos,
daquele sorriso gentil
da boquinha boa pra beijar
e assim, sem mais , nem não
faço uma chamada direta pro seu coração.


Avalon

nas brumas do tempo que não passa
busco teu ser mas só encontro fumaça
sigo a minha intuição no labirinto
recrio, ao meu gosto, a ti, no fundo baço
com as cores da aquarela que eu pinto
se te faço menos bela, eu não minto
é a minha memoria que me atraiçoa
ao evocar- te assim, ó ser do espaço
em tua evanescência tu és pura névoa,
que sempre escapa ao meu abraço.

letra blues

Baby, minha vadia
baby minha mais doce vadia
as feministas não podem entender
e eu nem vou tentar explicar
que eu te chame de vadia 
e que isso te faça gozar
as cachorras são do funk, 
minha nega, conversa de bamba
 ai ai menina, diz o rastafari,
mas eu, baby, eu sou blues
e você é a minha vadia.
o bar ja esta vazio
a noite é toda vazia
o solo da guitarra rasga o meu coração
em casa você me espera
pra te chamar de vadia
mas eu não vou voltar pra casa, baby
nem toda tequila do mundo
diminui a acidez do meu sangue
e aquela linda mulher 
que me comia com os olhos no balcão
Baby, acredite, era uma dama de paus.
as feministas não vão poder entender
e eu nem vou tentar explicar
eu queria fazer uma poesia
mas hoje baby toda letra é blues
 eu te chamo de vadia e isso te faz gozar.

sábado, 27 de novembro de 2010

antídoto para a monotonia


de tudo que uma mulher tem para me oferecer
companhia, amizade, sexo e amor
nada se compara ao bom humor
que a companhia pode ser azeda
a amizade interesseira e o sexo banal.
mesmo o amor, pode ser um falso brilhante
  o egoismo muitas vezes confunde,
dar amor, com o deixar-se ser amada.
mas o bom humor é antídoto para todos os males
que o riso torna a companhia iressistível
quando tudo vai bem, mas, sobretudo, quando vai mal
  a amizade só é sincera quando somos capazes
de achar graça, até nos defeitos alheios.
 o sexo é perdição quando a alegria toma conta
gozar é morrer de jubilo num prazer sem fim
quanto ao amor verdadeiro, ele não é senão que,
  a mais pura expressão do bom humor
por isso, minha senhora, para eu possa ser feliz
me sirva companhia, amizade, sexo e amor
mas nunca se esqueça, por favor,
tempere sempre, tudo com muito bom humor.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

é por isso que eu gosto de você.


Eu não gosto das pessoas comuns
eu não gosto das pessoas iguais
eu não gosto das pessoas normais
  de minha parte prefiro  as especiais
nem sempre elas são as mais fáceis
nem sempre o encontro é possivel
mas ainda assim as prefiro.
Não que não goste das outras
as que são repetitivas e monótonas
mas delas me canso depressa
canso por serem tão previsíveis
sem o charme proprio dos que 
sabem sempre nos surpreender.
Gosto daquele brilho de sangue nos olhos
da inquietação motora, a quem falta paz
da cessação de todo movimento
nos mergulhos profundos, 
aos mundos siderais.
Gosto disso, daquilo 
e sempre de um pouco mais
os salteados sempre os prefiro 
em relação aos que são de cor.
Se querias saber 
é por isso que eu gosto de você.
.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

 
Estranha despersonalização
esse efeito temporal 
que no acumulo dos dias bons 
e alguns ruins, 
vai apagando em nós, 
essa noção obvia 
de que o outro é um outro. 
Insidioso trabalho 
que a convivência opera
ocultando  verdade elementar  
que os liames 
que nos unem no amor 
são mais de natureza imaginaria 
do que biológica... 
Mas na hora do adeus 
é o corpo que paga 
por esse estado de alienação.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Boi da cara preta.



 O medo que te impede
é o mesmo medo que te mede
do tamanho de um anão.
Com que medes os riscos
de andar fora da lista
na onda bruta ser surfista,
acelerar na faixa estreita da rua, 
entrar num beco, na contra mão.
Assim não saberás jamais
do gosto da fruta doce
que do outro lado da cerca
 te espera com coragem
quase te dizendo: vem!

Vem, atravessa esse portal,
se jogue nessa viagem
pé ante pé, na corda bamba,
bandeirinha no varal.
Desafia o precipício,
nem todo gosto é vicio,
nem todo vicio imoral.

terça-feira, 9 de novembro de 2010