quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Que pena!
Tanta coisa que podia ser dita, podia.
Podia, mas não foi.
E ficamos assim sem dizer.
Para onde foram elas? As coisas todas,
tantas coisas que podiam ser ditas
e que nunca foram.
E ficamos assim desconhecidos, distantes,
inexistentes um para o outro,
sem que as coisas que pudessem ser ditas
tivessem tido a chance de mudar nossos destinos
transformar as nossas vidas.
Ficamos assim,
os mesmos que eramos antes.
Do mesmo lado da rua,
em diferentes poltronas do avião,
no embaraço do espaço apertado do elevador
na lenta fila para o ingresso do cinema.
Ficamos assim, você e eu, desconhecidos e distantes, os mesmos que eramos antes, com as palavras não ditas
pregadas na boca.
Sem dizer e sem conhecer
outras palavras.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Afaníase
Eu cavo cavaco seus ôcos. Faço buraco na busca do que não sei nem saber o que é.
Eu fuço focinho suas parte molhadas, mergulho no lodo mergulho eu todo na lama clara que sua cavidade destila. Eu inspiro e suspiro por entre os dentes gemidos loucos roucos sofreguidão... Eu quero não posso, te toco me acendo, te tenho na palma da mão. O fogo não passa grassa assa agoniza e consome solidão.