sábado, 2 de setembro de 2006

Pastoreio Eu não guardo rebanhos, nem apascento cardumes de peixes (você sabe que eu os pesco, não adiantaria mentir) Tomo conta de duas ou três idéias, as poucas que tenho e que teimam em fugir logo quando eu as imploro e mais preciso delas... Não somente por isso, mas principalmente por esta razão, não posso ser poeta... Profeta talvez, quem sabe, de uma causa da liberdade ... (doce ironia justo eu o que mantenho cativas estas duas ou três idéias que de mim teimam em fugir) o canto de minha boca, assobia, entretanto, uma canção e se você parar para ouvi-la vai poder saber, talvez, o que anda pelo meu coração...
FLOR DA SECRETARIA Flor solitária por companhia clamas. Assim tão só jaz no jarro da secretaria. Presente de admirador fugaz que assim te quis refrataria. E no dati datilografar (digi digitar) voa em fantasias, ao trabalho se vendeu, a mercenária. E nem te percebe. Nem a ti nem a tua dor. Solitária. E complacente poeta um poema dedico-te. Reparo a dor que assim tão flor, tão só, sentes. Sofres a dor de ser flor. Flor solitária, de desatenta secretaria.