PELOS CAMINHOS DE MINAS...
Para o que não conhece MINAS,
cuidado ao se aventurar,
MINAS tem muitos caminhos,
nenhum deles vai dar no mar.
MINAS é algo dentro,
cercada como seus pastos e currais
fechada como os seus garimpos
profunda e escura como suas cisternas.
MINAS é mais que um contorno no mapa.
É menos que um punhado de serras.
Mas não se engane o forasteiro,
que esta matemática, só o mineiro
sabe e pode conjugar.
MINAS é mais.
MINAS é menos.
MINAS não e igual.
E em um dos seus descaminhos,
digo em tom de segrêdo
MINAS é um câncer,
a se multiplicar
no peito de seus filhos.
quarta-feira, 28 de junho de 2006
PELOS CAMINHOS DE MINAS...
Para o que não conhece MINAS,
cuidado ao se aventurar,
MINAS tem muitos caminhos,
nenhum deles vai dar no mar.
MINAS é algo dentro,
cercada como seus pastos e currais
fechada como os seus garimpos
profunda e escura como suas cisternas.
MINAS é mais que um contorno no mapa.
É menos que um punhado de serras.
Mas não se engane o forasteiro,
que esta matemática, só o mineiro
sabe e pode conjugar.
MINAS é mais.
MINAS é menos.
MINAS não e igual.
E em um dos seus descaminhos,
digo em tom de segrêdo
MINAS é um câncer,
a se multiplicar
no peito de seus filhos.
terça-feira, 27 de junho de 2006
Na calçada.
É tão grande a distância que separa
de mim, este homem miserável
caído na calçada, que dorme,
boca entreaberta, no canto escorre
uma baba nojenta,
que desce pela barba esbranquiçada,
que, a anos, não conhece
os cuidados de um barbeiro.
É tão grande,
e ao mesmo tempo tão pequena,
a distância que separa
a sua vida da minha
que, olhando-o assim caído,
chego a pensar que este homem sou eu.
Que é minha a sua vida desmantelada,
o seu cheiro azedo, que mistura urina e suor,
descaso, abandono e falta de dó.
Que são meus os seus sonhos desfeitos,
a sua desesperança exposta
e quem sabe, a sua decepção de amor.
É tão grande, e tão pequena,
essa distância imensa,
que me separa dele
e me protege de mim mesmo:
do meu ímpeto suicida,
de minha vontade intensa,
desejo de abandonar tudo
e me deixar ficar por aí,
pelas ruas, pelas calçadas,
com uma barba suja e mal cuidada,
coração decepcionado,
falta de vontade e o projeto
de não ser senão um homem velho,
pobre, abandonado e sujo,
que dorme em uma calçada qualquer.
É tão grande e tão pequena
essa distância que me separa
do homem deitado na calçada,
que em seu sono, ele sonha - quem sabe -
que um certo homem em vigília,
parado e perplexo,
se deteve e lhe olha na rua,
querendo saber quem é.
Pensando que é ele - o homem - quem dorme,
no sem sentido de sua vida
que lhe reserva, nessa noite,
casa, conforto, lençóis limpos,
um banho quente,
toalhas e uma xícara de chá.
segunda-feira, 26 de junho de 2006
Comentários são bem vindos!
domingo, 25 de junho de 2006
BOIADA
(A meu pai)
A boiada invade a praça.
Agitam-se gentes e janelas
Marciais marcham sem graça
a lagoa vão beber.
São muitas cabeças tangidas
floresta de chifres sem ritmo
dolentemente á agua se inclinam:
línguas sôfregas
sovem num estranho ressonar.
E ali se demoram
no barro encravados
como se quisessem ficar
toda a tarde a beber,
como se da agua esperassem
que elas os pudessem reter.
Mas o destino selado
Sorve os condenados.
La fora no alto
É certo os esperam:
Homens, Cavalos e ferros.
Um estreito Curral.
O trem da Central
Um apito sinal
Uma viagem final.
Balzac
quarta-feira, 21 de junho de 2006
Esforço I
Que a vida fosse só de mel de rapadura,
cama fofa e macieza.
Só descidas, sempre sombras no sol quente
agua fresca da bica,
batendo na testa da gente.
Rede armada na varanda,
pirão molinho, pra mode não forçar os dentes.
Somente risos e alegrias
numa festa do coração sempre contente.
Eu e ela. Ela e eu. Se nós num quizesse mais gente...
E se fosse desse jeito
e se assim desse modo fosse
eu ia logo pedir pró condutor:
_Moço, para esse mundo que eu quero descê !
Só pra mode, atraz dele corrê
e sonhá que um dia eu lhe vou alcançá ....
INDAGAÇÃO
Serei poeta?
Serei poeta com tão poucas palavras?
Serei poeta com versos tão esparsos?
Serei poeta com tão tímida poesia?
Mas se não o fosse, o que mais seria?
Profeta de um apocalipse urgente?
Ator de uma cena censurada?
Acrobata dos trapézios indizíveis?
Um caminhante para o nada...?
Ademais, com que metro
se mede a poesia?
De quantos paus-poemas
se faz a canoa para a travessia?
Sim, talvez poeta.
Talvez um poeta minguado,
de um tempo minguante,
De minguadas emoções...
Talvez nem isso,
mergulhado na descrença,
e já cansado das canções,
somente um homem que procura.
(Que a procura, neste tempo,
justifica tantas coisas...)
E quem sabe, num soluço final,
nem mesmo este consolo...
Um homem apenas !
Um homem de nada,
de um nada profundo,
portentoso e repleto de
um inédito temor,
gigantesca interrogação!
terça-feira, 20 de junho de 2006
TEIMOSIA
Só o silêncio é absolutamente
sincero e teimo em dizer-te
que te amo
Obstinadamente, teimo em dizer-te.
Quando os teus ouvidos já não me podem ouvir.
Quando a palavra já não tem mais poder.
Quando o perdido me assombra
em ecos profundos:
a minha boca não cede e murmura.
Quando dos corpos já esfriou o calor.
Quando da tua boca flagela-me
o teu não.
Quando do encontro apenas
a lembrança persiste.
A minha boca desafia a razão
e sussura.
Contra mim e contra ti,
contra o meu sim e o teu não,
Contra a lógica implacável
que em dor tão cruel
separação presidiu;
a minha boca rebela-se,
e afoga-me em mentira.
Meu amor eu te amo
mil vezes eu te amo,
insensatamente te digo:
eu sigo te amando !
domingo, 18 de junho de 2006
requien por uma amizade em perigo !
Eu sou assim mesmo: dessimétrico!
Entre a intenção e o gesto,uma avenida larga de vida me leva... E olhando para trás encabulado, te aceno, com esta tibieza que me faz flácido e que, no descuido, desaponta aos amigos.
Eu não tenho desculpas, justificativas ou coisas que tais... Motivos eu até tenho. Não para fazer o que eu, não fazendo, faço! Mas para mil vezes, fazer o que não fiz. E então eu lhe pergunto: o que me resta fazer agora, se não o fiz quando o quis? A Inês já é morta? Estarei definitivamente condenado por este meu jeito danado que nem eu mesmo escolhi? Se sobrevivem-me amigos devo-lhes sempre a sua imerecida generosidade, dos cuidados que eu não tive, contas que jamais poderei pagar. Se o prego do teu coração-botequimainda tiver um espaço, um espaçozinho assim, mesmo que seja que seja bem pequeninim, apesar de tanta conta,que eu sei - e que você também sabe - que eu nunca hei de pagar: mais uma vez eu tropeço, mais uma vez eu te peço: arranje mais um lugarzinho para mim. Pendure mais essa! Por favor finja de novo que acredita que um dia eu vou tomar jeitoque eu viro gente direita que nunca mais vou te decepcionar... Não deixe morrer, não deixe matar. Insista, persista, sou devedor confesso: você nada tem a ganhar. Coloco-me em suas mãos:não me expulse do seu coração !Não deixa esta minha estranha amizade, cair no chão...! E suplicante te peço: bota mais uma pra mim, bote mais uma. Por favor, amiga, mais umazinha só!
Para Angela, Bela e Mirian
São todas mulheres.
Contam seus casos.
Riem e brincam como meninas;
Mas são todas mulheres.
E seduzem e cativam.
E convidam ao seu jogo predileto,
brincar de transparência,
sugerir revelação.
E no faz de conta
da ausência de segredos
mulheres -moluscos
guardam no útero
fantasmas e medos.
Medos de beira de rio.
Fantasmas do tempo de avós.
Meninas, são mulheres fortes.
Altivas, extraem a sua força
dos seus homens.
Dos seus homens de ontem
e de hoje. Dos homens
com quem sonham e brincam,
fazendo deles meninos,
Maternais e incestuosas.
Mulheres são meninas frágeis.
Tem medo de escuro
e das almas dos que já morreram.
lhes assusta a solidão
e a voragem do rio cheio,
que lhes parece um castigo
por suas tantas brincadeiras..
E driblam narciso
que por natureza,
em sua igualdade as fez rivais
E seguem,
como as águas do rio
unidas em seu curso,
Solidárias e cúmplices,
de alegrias e dores,
na corredeira dos casos
que meninas-mulheres
vão contando e brincando,
displicentes em festa
nas suas noites fartas,
ao redor da mesa.
Fica assim não, menina...
Pode entrar menina,
pode entrar e fica assim não...
Fica assim não, que não vale a pena.
A vida é pequena, passa tão ligeira,
e a boniteza dela, não tá no grosso
da sua apresentação.
Nos entremeios,
que são poucos,
e no fundo-fundo de tudo-tudo,
é que mora, escondidinho,
o gosto forte do porque viver.
Mas as vezes é assim mesmo...
Depende do jeito de se acordar.
Se no sono, a alma se despregou do corpo
e no sonho voou pra muito longe,
andou por lugares muito bonitos,
e fez tudo que tinha vontade de fazer,
quando é de manhã, por certo,
pró corpo ela não há de querer voltar...
Então, a gente tem que encarnar ela de novo.
Mandar ela com força, voltar pró cerne,
do cerne, que é o dentro da gente,
a partir de onde, a gente sabe mandar.
Fica assim não menina,
que não vale a pena.
Pois não é a alma que é pequena.
Mal criada e rebelde, isso, as vezes, ela é.
As vezes. Pró nosso bem, ela é.
Más, pequeno, pequeno mesmo,
é assim, quase sempre, este mundo
em que se faz nossa sina viver.
Labutar todo dia,
fazê lição e aprendê...
Mundo estreito, mundo raso
Mundo duído, mundo doidio.
De pouca consideração.
Por isso não há que se estranhar
de que, as vezes, a alma não queira ficar.
A alma ? A alma, só fica querendo voar,
viver no que é bem bom, que é bom demais.
Espairecer e espraiar.
Que é disso que alma sabe,
que é de disso, que a alma entende.
Que é disso que a alma gosta,
a alma, menina, a alma só quer
sonhar!
domingo, 11 de junho de 2006
terça-feira, 6 de junho de 2006
segunda-feira, 5 de junho de 2006
domingo, 4 de junho de 2006




