Foram necessários
quase cinqüenta anos
para que eu pudesse
me encontrar com aquilo
que sem se saber desejo,
eu sempre desejei ser.
Foram necessários
quase cinqüenta anos
quanto tempo perdido,
quanto tempo vivido
para que eu pudesse,
face a face,
olhar para tudo o que vivi
com os olhos conhecidos,
de quem se encontra
com um velho amigo.
Enigma decifrado, resta-me
sem nenhum louvor,
sem nenhum favor,
fazer-me responsável
por tudo que fiz,
por tudo que quis,
e o que, por demais,
não soube
ou não suportei saber.
Que fronteira inexorável,
encontrar-me assim
tão próximo
de um ser, obra minha,
que sendo aquilo que é,
não pode tributar a outrem,
as motivações que são só suas.
Saber-me, entretanto,
virtudes e danos,
pequenas qualidades
e abismais defeitos,
não encerra balanço aberto,
e tampouco me faz
menos compelido aos atos
como seria mais conveniente
a um homem
de quase cinqüenta anos.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
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