sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Fundo de Mulher

Retirem-se as crianças da sala e também aos puritanos pois o poema abaixo contem elementos que podem ofender sensibilidades moralistas
Boceta não tem fundo! Ensina-me, num fim de tarde, num café grego em Atenas, com elegancia uma amiga. Traduz sabedoria ancestral herdada do bom senso de um avô. Paciente, explica e esclarece, essa singela verdade, masculinamente ignorada, por nós, tantos e vários varões saltitantes de uma para outra buscadores dessa quimera o fundo fundo de uma mulher. Não tem fundo, insiste ela, não adianta procurar mulher é bicho ôco, todas elas e qualquer uma, ainda que nem sempre o saibam e finjam outras ignorar. Boceta é abismo e precipicio pra mergulhar com coragem sem ter medo de morrer. Não tem fundo. Quanto tempo perdido, reflito na pressa masculina de ali se instalar causados da ansiedade de fundo, no fundo da mulher não encontrar. Onde começa, onde acaba este ser túnel que se perfura todo dia ontem, hoje, amanhã num eterno recomeçar. Quanta ilusão destilada, quanto medo de errar quantas mulheres esquecidas distantes elas mesmas de sua verdade elementar. Não tem fundo ! Boceta não tem fundo, repete a amiga, não adianta procurar. Se acalmem todos os homens mulheres, não há porque se envergonhar não ter fundo não é defeito fonte do profundo mistério, impossivel, mulher decifrar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse poema "Fundo de mulher" é bárbaro, devaniei pelas letras, me fez lembrar o filme de Pedro Almodovar - Hable con Ella - quando o enfermeiro entra em Katerina. A cena é cômica mas também consegue transmitir a sensualidade e o mistério da mulher, assim como o poema...lindo!