quinta-feira, 3 de junho de 2010

Encaixe

Como uma praga ao vento O tempo trouxe para as fêmeas da espécie o esquecimento da arte de se encaixar. De tudo do bom conquistado Resgate do outrora usurpado verdades, direitos, oportunidades, como um sutil defeito o tempo também produziu um total esquecimento da arte de se encaixar. Tanto para as grandes quanto para as pequenas De pé ou deitados no leito, sempre existia uma forma, sempre existia um jeito, sem nada dizer, sem nada explicar homem e mulher, um só tornados harmonia pacificada no silencio cúmplice de um encontro dos corpos, opaca fonte de toda unidade. De que servem estes braços fortes De que servem estes ombros largos Se neles você não vem se albergar Se a autonomia te fez esquecer O quanto é bom ter um ninho cálido para alienar-se por um par de horas ou apenas por alguns segundos, sentir-se protegida, amada, querida. Se fazer minha, fazer-me seu. Deixar-se ficar no vão das minhas costelas Rememorar miticamente que este lugar Sempre te pertenceu, é, e será sempre seu Desde as origens, pedaço arrancado Que encontra de volta o seu lugar Devolve ao meu corpo a integridade perdida Completa o desenho deste quebra cabeças Peça perdida que insistia em faltar. Dá sentido e traz de volta a alegria a minha vida, Vem mulher, recobre a sua memória, Venha em mim se encaixar.

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