
bóia farol meta em desespero tudo puxa para o fundo dos abismos o mais banal dos instintos rege por total o ser salvar-se para encontrar ponto de apoio sobre-viver emerso ao custo do assassinato do poema quem se importa fazer da palavra poema coisa tão banal constranger as musas deixar em maus lençóis a poesia tratá-la sem pudor mero suporte socorro coisa palavra usada nos ritmos cardíacos renais venais do corpo em desespero que não quer morrer legitima defesa gosto gorduroso da vida
Você, qual um furacão,
deixou em sua passagem
um rastro fundo,
nos quintais do meu coração.
Desmantelou telhados,
Rodopiou os meus pontos cardeais
Fez-me experimentar potencias e intensidades,
com gosto de quero mais.
Hoje eu sinto a tua falta, é verdade,
Mas sem ti; tenho que confessar
Sem ti, depois de ti,
Tornei-me alguém mais e melhor.
Um humano mais exigente,
com a qualidade da gente
Que quero para estar comigo,
Principalmente para aquela gente intima
Que eu escolho a dedo
e a quem me dedico e chamo de meu amor.
Melhor, pois sei mais do que quero
Quando penso querer alguém.
Mas tu me fizeste bem e me fizeste mal,
Elevei a minha exigência
Ampliei o meu ideal.
Querer alguém depois de ti,
E sempre querer a ti depois de ter alguém.
Inevitável comparação!
Quando lembro de tudo que tivemos
Quando lembro de como tivemos tudo
Recordo-me sorrindo do enigma
Que diz que o tudo não é para todos
E só para os que são capazes de suportar.
Condoreiro
Volto a viver sem medo. Segurança só no amor!
Fio tênue que nada assegura, mas nutre, alimenta
como o ar seco e rarefeito do alto das montanhas.
As ondas me varrem em banhos de emoção,
ativam os meus circuitos, põe de pé a minha espinha dorsal
Aprumam meus olhos e me fazem mirar o céu
Vejo o azul, as nuvens, o sol, vejo estrelas ao meio dia
em pleno planalto central do Brasil.
Me possui uma voragem de leveza
que contradita toda a carga de pessimismo
que assola o planeta.
E tudo isso apenas porque o meu amor
me deixou um bilhete lindo,
em que ela diz que tambem gosta de mim!