Nua pergunta.
Você, diante de mim,
parada nua, me interpela.
Quer saber em sua nudez perplexa,
diante de mim, atônito,
do que eu nunca soube,
jamais.
O desejo que escorre
dos seus olhos
desce doce
e empoça no umbigo.
Pinga em gotas de perguntas
que eu não sei responder.
Percorro ansioso com meus olhos,
as suas formas,
com as pontas dos dedos,
tateio o risco das letras
que o seu corpo desenha
e que não sei decifrar.
Percorrem minhas narinas
todos os cheiros
que em verdes pastagens
me convidam
para em ti descansar.
Bebo em tua fonte.
Deito a minha língua
no teu cantil.
Sorvo sôfrego, delicias
que nem sei nominar.
O que queres de mim mulher,
mais do que te posso dar ?
Se o que me perguntas
é o que não sabes responder,
por que estimas que eu tenha
para ti, resposta a oferecer?
Pois de tudo que pude saber,
o teu desejo não cala,
mas também não sabe falar.
sábado, 10 de março de 2007
Nua pergunta.
Você, diante de mim,
parada nua, me interpela.
Quer saber em sua nudez perplexa,
diante de mim, atônito,
do que eu nunca soube,
jamais.
O desejo que escorre
dos seus olhos
desce doce
e empoça no umbigo.
Pinga em gotas de perguntas
que eu não sei responder.
Percorro ansioso com meus olhos,
as suas formas,
com as pontas dos dedos,
tateio o risco das letras
que o seu corpo desenha
e que não sei decifrar.
Percorrem minhas narinas
todos os cheiros
que em verdes pastagens
me convidam
para em ti descansar.
Bebo em tua fonte.
Deito a minha língua
no teu cantil.
Sorvo sôfrego, delicias
que nem sei nominar.
O que queres de mim mulher,
mais do que te posso dar ?
Se o que me perguntas
é o que não sabes responder,
por que estimas que eu tenha
para ti, resposta a oferecer?
Pois de tudo que pude saber,
o teu desejo não cala,
mas também não sabe falar.
domingo, 4 de março de 2007
Transverso
Delicadas as fronteiras dos mundos em que habito e que, de um lado para o outro, sem perceber transito. Neles as coisas podem ser e não ser quase ao mesmo tempo, a depender somente das escolhas que fazemos, das cores que escolhemos, para cobrir a matéria fina do pensamento. Porque o que parece importar as vezes não tem importância própria. Mero pretexto, cenário ou trama, para exercitar o verdadeiro drama de se fazer escolhas e aprender com elas... O que será de nós, Ó minha senhora, que de escolha em escolha nos enredamos, se delas perdermos os seus sentidos, e esquecidos dos seus verdadeiros motivos, nos distraímos com aquilo que elas parecem ser? Sublime então o desafio de viver ao mesmo tempo sustentando o gosto das escolhas que fazemos e o fazer das escolhas que gostamos... Sendo ao mesmo tempo, ator e autor, da peça que vivendo escrevemos... Representando os sentidos que quaisquer outros, outros poderiam ser mas, que, sendo estes aqueles que escolhemos, nos fazem definitivamente ao vivê-los, eternamente responsáveis pelo que vivemos... O que será de nós minha senhora, é coisa que eu não sei... Mas eternamente nós seremos, responsáveis pelo que vivemos, e pelas escolhas que fazemos.
Esquinas da perdição.
Uma estranha calma me invade
quando beijo a esquina da sua boca,
ali, onde os seus lábios vão se encontrar.
E nela me deixo ficar demorado,
sentido uma leve emoção,
seguindo um fio que me leva ao limbo,
ou as escadarias do céu, não sei muito bem,
mas sei que é muito bom.
Reside naquele ponto um mistério,
que é o mistério das esquinas,
do mesmo tipo que encontro
quando topógrafo pelado
com a vista larga demarco,
desde o alto da colina,
o falso risco que corta a sua virilha,
e separa o travesseiro macio do púbis
das duas avenidas largas e suaves
onde fronteira não sei situar:
são as sua coxas grossas que começam
ou suas longas pernas que terminam?
Amo essas suas esquinas, menina,
oh, como as amo!
Onde as coisas são,
e ao mesmo tempo não são,
e nelas gosto de estar.
Amo essas suas confluências,
lugares de maciez permanente
suavidade de textura
calor morno, quase molhado
onde o liso e o doce convidam
para a ruína do tempo
e para a perda definitiva
de qualquer perspectiva.
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