domingo, 4 de março de 2007

Esquinas da perdição. Uma estranha calma me invade quando beijo a esquina da sua boca, ali, onde os seus lábios vão se encontrar. E nela me deixo ficar demorado, sentido uma leve emoção, seguindo um fio que me leva ao limbo, ou as escadarias do céu, não sei muito bem, mas sei que é muito bom. Reside naquele ponto um mistério, que é o mistério das esquinas, do mesmo tipo que encontro quando topógrafo pelado com a vista larga demarco, desde o alto da colina, o falso risco que corta a sua virilha, e separa o travesseiro macio do púbis das duas avenidas largas e suaves onde fronteira não sei situar: são as sua coxas grossas que começam ou suas longas pernas que terminam? Amo essas suas esquinas, menina, oh, como as amo! Onde as coisas são, e ao mesmo tempo não são, e nelas gosto de estar. Amo essas suas confluências, lugares de maciez permanente suavidade de textura calor morno, quase molhado onde o liso e o doce convidam para a ruína do tempo e para a perda definitiva de qualquer perspectiva.

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