terça-feira, 23 de maio de 2006

Nua pergunta.
Você, diante de mim, parada nua, me interpela. Quer saber em sua nudez perplexa, diante de mim, atónito do que eu nunca soube, jamais.
O desejo que escorre dos seus olhos. desce doce e empoça no umbigo pinga em gotas de perguntas que eu não sei responder.
O mistério que te constitui universo feminino ser mulher
não me é dado responder.
Certamente não sou daqueles
a quem este alfabeto,
é dado lê-lo.
Percorro ansioso com meus olhos,
as suas formas
com as pontas dos dedos,
tateio o risco das letras
que o seu corpo desenha e que não sei decifar.
Percorro com minhas narinas todos os cheiros que em verdes pastagens me convidam
para em ti descansar.
Bebo em sua fonte. Deito a minha língua no seu cantil. Sorvo, sôfrego, delicias que nem sei nominar.
O que queres de mim mulher, mais do que posso te dar ? Se o que me perguntas é o que não sabes responder, por que estimas que eu tenha a resposta para te dar.
Pois de tudo que pude saber, O teu desejo não cala, mas também não sabe falar.

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